O poste
é o limite.
Penso
bem antes de ultrapassar os limites da minha liberdade; depois deles, começaram
os problemas do bairro onde eu vivo.
Nele,
os traficantes usam as crianças, chamadas "aviões", para entregarem
suas "encomendas", pois sabem que se elas forem pegas, não serão
presas e, se isso acontecer, ficam poucos dias. Mas se um adulto for pego, ele
será preso.
Depois
do poste, já houve três mortes de tiros e facadas. Que vê, fica quieto ou se
muda, para não ser morto.
Um
morreu por causa de jogo. Outro, por dívidas de drogas. E o último foi de
overdose, a ponto de cair duro no chão, já morto. Morreu um dia antes de fazer
dezoito anos.
Ainda
bem que eu tenho um espaço entre a minha casa e o poste.
(Karoline Benigno Borges, 8ª série, 2010,
para a Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro).
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