segunda-feira, 23 de novembro de 2015

2015 - Dia da Consciência Negra - Dois poemas

Para o Dia da Consciência Negra, Juliana Oliveira e André Filho escreveram dois poemas que se conversam. O primeiro trata da visão do explorador de escravos e o segundo é uma resposta à tal visão.


A VISÃO DO EXPLORADOR DE ESCRAVOS
(Juliana Oliveira)

A igualdade de raça
Sempre foi um problema
Não vou ficar perto daquele negro
Não vou fazer par com aquela negra

Igualdade, pra mim, pouco importa
A cultura dos negros deveria estar morta

Esse povo esquecido
Poderia nem existir
Nós, a verdadeira raça
Devemos os perseguir

Lembrá-los de sua raça
E dar-lhes consciência
De que estão aqui
Para nos servir.

Quanto à liberdade
E à igualdade,
Dizer "não" é lembrar que negro
É sinônimo de escravidão.


NEGRO
(André Filho)

Negro planta.
Negro colhe o que planta.
Negro consome o que colheu.

Negro vive.
Negro vive a vida.
Negro vive a vida até a morte.

Negro é cor.
É pessoa.
É miscigenação.

Negro tem paz.
Tem guerra.
Tem amor.
Tem ódio.

Negro foi humilhado.
Negro foi explorado.
Negro é discriminado.

Negro é cultura.
Negro é estrutura.
Negro construiu
tudo o que você já viu...



Os autores lendo os poemas na cerimônia do Dia da Consciência Negra.
  

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